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Coral cantos do vale

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Coral canto do vale tem como regente Kleber Praxedes

Estação da cultura

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24 de mar. de 2009


Em recente visita ao Secretário de Saúde Júnior Rego, que por sinal vem fazendo excelente trabalho na sua área, descobrimos que temos algo em comum além de estarmos na luta por uma Ceará-Mirim melhor: gostamos de cinema. Permitam-me os web leitores enfocar nesta postagem um pouco sobre a “Sétima Arte”, inclusive reproduzir o artigo “O Cinema de Jorge Moura”, texto de Inácio Magalhães Sena que aborda as sessões de um antigo cinema em Ceará-Mirim.

A primeira exibição de cinema no Brasil aconteceu em julho de 1896, no Rio de Janeiro, poucos meses após o invento dos Irmãos Lumière. Um ano depois já existia no Rio uma sala fixa de cinema, o "Salão de Novidades Paris", de Paschoal Segreto. Os primeiros filmes brasileiros foram rodados entre 1897-1898. Uma "Vista da baía da Guanabara" filmado pelo cinegrafista italiano Alfonso Segreto em 19 de junho de 1898, ao chegar da Europa a bordo do navio Brèsil - mas este filme nunca chegou a ser exibido. Ainda assim, 19 de junho é considerado o Dia do Cinema Brasileiro.
Em dezembro de 1992, ainda no governo de Itamar Franco, o Ministro da Cultura Antonio Houaiss cria a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, que libera recursos para produção de filmes através do Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro e passa a trabalhar na elaboração do que viria ser a Lei do Audiovisual, que entraria em vigor no governo de Fernando Henrique Cardoso.
A partir de 1995, começa-se a falar numa "retomada" do cinema brasileiro. Novos mecanismos de apoio à produção, baseados em incentivos fiscais e numa visão neo-liberal de "cultura de mercado", conseguem efetivamente aumentar o número de filmes realizados e levar o cinema brasileiro de volta à cena mundial. O filme que inicia este período é Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995) de Carla Camurati, parcialmente financiado pelo Prêmio Resgate. No entanto, as dificuldades de penetração no seu próprio mercado continuam: a maioria dos filmes não encontra salas de exibição no país, e muitos são exibidos em condições precárias: salas inadequadas, utilização de datas desprezadas pelas distribuidoras estrangeiras, pouca divulgação na mídia local.
Alguns filmes lançados nos primeiros anos do novo século, com uma temática atual e novas estratégias de lançamento, como Cidade de Deus (2002) de Fernando Meirelles, Carandiru (2003) de Hector Babenco e Tropa de Elite (2007) de José Padilha, alcançam grande público no Brasil e perspectivas de carreira internacional.
Em Janeiro de 2009 o Cinema Brasileiro tem um momento histórico: Uma continuação de sucesso com Se Eu Fosse Você 2 com direção de Daniel Filho, estrelado por Tony Ramos e Glória Pires nos papéis dos protagonistas. Este filme ultrapassou 1 milhão de espectadores com menos de uma semana em exibição.
Em breve enfocaremos o cinema de Curta-Metragem, onde produzimos alguns trabalhos como diretor de fotografia.

Waldeck (Fundação Nilo Pereira),
Júnior Rêgo (Secretário de Saúde)
* * *
O CINEMA DE JORGE MOURA
EM CEARÁ-MIRIM

Por Inácio Magalhães Sena(*)

Tenho vaga idéia de outros cinemas antes do de Jorge Moura. Um na rua do Patu, outro perto do posto de saúde. Mas o cinema que marcou minha juventude (se é que a tive) foi mesmo o de Jorge Moura. Foi lá que acompanhei, eletrizado, as séries inesquecíveis: - “A adaga de Salomão” - “Guardas da costa, Alerta!” – “Os perigo de Nioka” – “O espírito Escarlate” – “O maravilhoso mascarado” – “A cidade perdida”, etc, etc. Quantos filmes maravilhosos! Lembro-me do filme “Maria Antonieta” com Norma Shearer, que fez muita gente chorar. Emiliana de Manoel Correia saiu do cinema com os olhos inchados. Eu trabalhei no cinema, levando os cartazes pra distribuir em diversos pontos de Ceará-Mirim – no poste defronte a loja de Manoel Correia; na frente do próprio cinema, etc. Eu vendia confeitos e bombons de Dona Mariana, esposa do dono do cinema. Dias de filmes: quarta, quinta, sábado e domingo, o dia em que eu mais vendia confeito e pipoca. Às 17h30 quando a luz chegava, os meninos que superlotavam as portas do cinema, batiam palmas de alegria. E dava-se início à matinée. Quando não havia pequenos filmes do “Gordo e o Magro” ou “Os Três patetas”, passava a primeira parte do filme da noite. Depois, o cinema vazio eu varria tudo – eu e Maria Batu, minha madrinha de fogueira. Uma coisa que marcava bem essa época era o prefixo musical do cinema: “Ainda bem pequenina, entre as irmãs virtuosas...” Quando os retardatários ouviam esse disco, pela amplificadora, desembestavam da Rua São José ou das Trincheiras, em toda embalada, para não perderem o “jornal” ou o “reclame” que antecedia o filme. Lembro-me bem dos amores de Zezé de Jorge Moura – parecia “Romeu e Julieta” – das brincadeiras na porta do cinema, assistidas por Pedrinho e Jojó, filhos de Dr. Percílio e Dona Esmeralda. Onde eu estivesse, estava rodeado de crianças, brincando e vendendo meus confeitos, imitando o turco do mercado, as figuras dos filmes, especialmente o Hugo, tipo morto-vivo da série “A cidade perdida” ou “Garra de Ferro”, das séries que eletrizou os habitués do cinema. O cinema de Jorge Moura tinha “primeira” e “segunda”. Esta eram bancos tipo de igreja, em frente à tela. Entrava-se pela porta lateral, onde a meninada ficava atenazando Zezé para que ela “fizesse por menos”, e Zezé fazia em Jorge Moura “pintos” homéricos. Hoje quando vou ao Ceará-Mirim e vejo o prédio do cinema derrubado inutilmente, dá-me um nó na garganta.
(*) Inácio Magalhães de Sena – Memorialista, nascido em Ceará-Mirim em 11/12/1938.Atualmente reside no bairro Cidade da Esperança em Natal


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