EM MEMÓRIA:
Etewaldo Cruz Santiago

Sr. Etewaldo Santiago - (Foto: José Maria Emerenciano)

Por ocasião de mais uma Feira Internacional de Artesanato (FIART), que começa nesta sexta-feira 23/01 em Natal, o Blog reverencia o grande escultor assuense que escolheu Ceará-Mirim como morada: Etewaldo Santiago. Falecido em 2006, foi premiado em edições passadas da FIART por causa do seu trabalho em barro e homenageado oficialmente pelos realizadores do evento em sua edição 2007 quando aconteceu uma exposição de seu acervo com esculturas de cerâmica. Transcrevemos a seguir texto publicado no livro: “Em Nome do Autor - Artistas Artesãos do Brasil” de Beth e Valfrido Lima, casal de pesquisadores paulistas que estiveram com Etewaldo pouco tempo antes de sua ida para o Oriente Eterno.

Natural de Açú (RN), terra de oleiros, Etewaldo Cruz Santiago cresceu na cidade de Natal (RN). A avó materna era louceira e a paterna, rendeira. Com o barro, ele aprendeu desde cedo a fazer seus próprios brinquedos. “Na época, ficavam assim de barro cru, porque eu não cozinhava. Minha mãe não gostava que eu pegasse no barro porque dizia que dava vermes..” Na sua recordação, Ceará-Mirim esteve sempre presente. “Uma noite de natal, a gente brincava fora porque não tinha luz elétrica; meu pai tocou todo mundo pra dentro e eu fiquei com raiva. Disse baixinho: quando crescer, vou-me embora. Meu pai ouviu e perguntou pra onde. Eu disse que ia para Ceará-Mirim. Ouvia histórias de lá, dos engenhos, dos carros de boi. Apanhei feio. Cresci, aprendi muitos ofícios, entre eles o de fotógrafo e acabei vindo para Ceará-Mirim, por conta de um trabalho. Eu fazia fotos 3x4. Aqui, um cunhado meu que aprendera a fazer bonecos de barro em Tracunhaém, viu minhas coisas de madeira e disse: “Isso é dinheiro vivo lá em São Paulo na Praça da República.” Mas eu gostava das peças de barro. Queria comprar uma do Mestre Vitalino para quebrar e ver como era feito. Meu cunhado me ensinou e foi embora. Eu sou de 1939, e lá por 1971 fui para São Paulo, ver a tal praça. Todas as pecinhas de barro que levei, eu vendi. Passei lá três meses e voltei. Estou há 36 anos trabalhando só no barro. Eu, para não passar fome, arranjei um emprego na base naval e lá me ensinaram um pouco de desenho arquitetônico, pois eu tinha jeito para a coisa. Isso ajudou muito. Por isso, agora vivo só com minhas coisas de barro. Mas estou um pouco fraco, fiz uma cirurgia e estou me recuperando. É isso.”

Se vivo estivesse, no dia 14 deste mês teria completado 70 anos. Em Ceará-Mirim Etewaldo produziu diversas obras, dentre elas a estátua de Iemanjá (atualmente na praia do Meio /Natal), Casal de Namorados (Bosque do Parque das Dunas), outras espalhadas por vários estados do Brasil e em outros países como Estados Unidos (Casa Branca) e até no Vaticano. Este fato foi registrado em rede nacional pela Tv Canção Nova por ocasião do Programa de Gabriel Chalita, na última quarta-feira, direto de Natal. Etewaldo faleceu em meados de 2006 aos 67 anos de idade.

A seguir publicamos peças produzidas por Etewaldo Santiago:

Este ano de 2009 a Prefeitura de Ceará-Mirim, através da Fundação Nilo Pereira, adquiriu um stand neste importante evento internacional de artesanato , onde estarão alguns artistas da terra expondo suas obras para visitantes de várias partes do mundo. A FIART acontece no Pavilhão de Exposições do Centro de Convenções em Natal no período de 23/01 a 1º/02.