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Coral cantos do vale

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Estação da cultura

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12 de jan. de 2010

A R T I G O

NOSSOS ÍDOLOS ESQUECIDOS
Por Fernando Luiz
Cantor e compositor natalense
Publicado no portal NO MINUTO.COM
Ademilde Fonseca, Trio Irakitan, Núbia Lafayette, Carlos Alexandre, Leno... O que estes artistas têm em comum? Duas coisas: primeiro, são norte-rio-grandenses; segundo; não recebem do nosso estado a atenção que deveriam receber. Conheci todos pessoalmente e com alguns deles convivi de perto.
Ademilde Fonseca, a Rainha do Chorinho, um dos nomes mais cultuados da MPB, é praticamente desconhecida das novas gerações do nosso estado. Tive a oportunidade de fazer vários shows ao lado dela durante a inauguração de várias obras que marcaram o fim do governo Cortês Pereira. Da caravana, faziam parte Luiz Gonzaga, Paulo Tito e o Trio Irakitan. Isto foi em 1974 e, que eu me lembre, nunca mais Ademilde se apresentou em Natal, jejum que foi quebrado recentemente, quando ela fez um show na Assembléia Cultural.
Conheci o Trio Irakitan na mesma época em que travei conhecimento com Ademilde Fonseca. Considerado, ao lado do Trio Los Panchos, do México, como um os melhores trios vocais do mundo., o Trio Irakitan gravou centenas de discos, cantou com Nat King Cole e viajou por mais de sessenta países.Tornei-me amigo de João Costa Neto, de Tony e de Gilvan, e durante o tempo em que morei no Rio de Janeiro mantive contato frequente com os três. O Trio Irakitan, se fosse natural de outro estado, já teria um museu em sua homenagem.
Com Núbia Lafayette, uma das maiores intérpretes românticas do Brasil, tive um contato rápido em 1985, durante um show que realizamos na cidade de Assu. Considerada cafona por muitos pseudo-intelectuais, quebrou um tabu, quando se apresentou no Teatro Alberto Maranhão lotado, há alguns anos, no projeto seis e meia. No fim da vida, foi homenageada por Elimar Santos, que a convidou para participar do seu DVD.
Carlos Alexandre, ex-padeiro quase analfabeto, foi o único cantor do Brasil que ganhou discos de ouro do primeiro ao último disco que gravou - na época em que não existia a pirataria - feito que nem Roberto Carlos conquistou. Fomos amigos, nos encontramos várias vezes em shows pelo Brasil afora e em programas de TV de Recife, Fortaleza, Rio e São Paulo . Eu mesmo fui testemunha do quanto ele era assediado, chegando ao ponto de precisar de proteção policial para não ser pisoteado por fãs enlouquecidas. A cada dia 30 de janeiro, aniversário da sua morte, muitas emissôras de rádio em vários estados do nordeste fazem justas homenagem a ele. Aqui, na sua terra natal, nessa data, o silêncio é sepucral.
Leno, foi o único representante do nosso estado na Jovem Guarda. Um dos poucos artistas nordestinos que fez parte de um dos movimentos musicais brasileiros mais importante do século XX. Foi parceiro de Raul Seixas, agora está morando em Natal, mas não recebe de sua cidade o tratamento que merece. Conheci-o há dois anos.Tem um DVD aprovado pela Lei Djalma Maranhão, mas simplesmente não consegue captar recursos para viabilizar a gravação.
Em Pernambuco, Alceu Valença é idolatrado, Reginaldo Rossi é chamado de "Rei" até pelos governantes e Cajú e Castanha, com quem já divivi o palco em circos na cidade de Recife, se tornaram ícones da cultura popular; no Ceará, Falcão, o cantor que sintetiza a cultura brega é garoto-propaganda do governo (e ganhando bem); também no Ceará, Cláudia Barroso, aos 83 anos, está em plena atividade, no Piauí, Franco Aguiar é idolatrado; no Pará Pinduca, o Rei do Carimbó não pára de fazer shows, em Sergipe Cremilda (aquela do "prenda o Tadeu") está sempre atuando; na Bahia... Bem, da Bahia não precisa nem falar.
E no Rio Grande do Norte? Aqui, dói dizer, nossos ídolos são esquecidos. Isto, para usar um termo suave, pois na verdade, eles são tratados com uma indiferença cruel. Para os que ainda vivem, "geladeira"; para os que já morreram, esquecimento.
De quem será a culpa?
De uma coisa tenho certeza: do público é que não é.

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